Agora há algo aqui.

Quando se cria um blog, pelo menos aqui no Blogger, a primeira coisa a qual você se depara antes de fazer a primeira publicação é que "não há nada aqui". Pois bem, com as palavras que virão a seguir, acabo de decretar que agora há algo aqui.

Não que seja importante saber, mas, constantemente vivi criando blogs em diferentes fases da minha vida e nenhum deles se solidificou por um motivo bem óbvio: foram feitos de acordo com alguma fase da minha vida. Já tive a fase de querer falar sobre beleza, sobre livros, sobre moda, sobre nada e sobre tudo. E ás vezes tudo isso ao mesmo tempo. Até que caí na real de que estava fazendo o que eu mais odeio que façam comigo: falar e não escutar/ver o outro.

Caindo na minha própria armadilha, frustrava-me e todos eles em algum momento acabam por servir de lixo na internet. É engraçado perceber que nossa mãe tem razão ao falar que não somos todo mundo pois diferente de várias pessoas que começaram lá no início da internet e tiveram coragem para continuar até hoje mostrando nela suas constantes mudanças, eu não tive. 

E também não me arrependo.

Não me arrependo porque cada vez que criei e exclui, obtive alguma percepção nova de mim mesma. Conectei-me comigo quando percebi que eu não tinha capacidade para falar de moda como uma especialista; que, definitivamente, não curto exposição envolvendo meu nome completo e meu rosto; que meus gostos e minha personalidade não são um produto; que eu tenho que respeitar meu próprio tempo para fazer algo; que eu devo confiar mais naquilo que acredito, mesmo indo a contramão da maioria; que não tem como eu agradar a todos... 

Coisas que somente a maturidade elucida em nossas cabeças com o tempo, e que, se eu estivesse exposta na internet, com tudo isso passando na minha cabeça, uma hora iria explodir. 

Entretanto, apesar de ficar nesse looping de criar e apagar blogs, algo é mais forte que eu e sempre acabo por criar de novo pois durante todas essas fases, há somente uma coisa que não deixa de existir dentro de mim. Uma vontade de escrever e compartilhar sentimentos, sensações, opinões e experiências; é um paradoxo falar isso depois do que falei, mas sinto a necessidade de expor de mim aquilo que realmente deve ser exposto, com o objetivo de encontrar pessoas que me entendam e se identifiquem para que eu não me sinta sozinha no mundo por anseios e angústias provocadas por esses momentos compartilhados.

Sinto que se essa vontade persiste é porque ela é válida, necessária e precisa ser externalizada. 

Mas, dessa vez, não quero me cobrar, não quero me julgar, não quero me repreender e não quero exibições além das minhas vontades. Quero apenas por em evidência tudo aquilo que trabalho em minha mente e acho justo debater com outrem. 

E aqui vamos nós.